Paranoia e História, patologia e verdade

Autores

  • Danilo de Ávila Universidade Estadual Paulista (UNESP), Franca, São Paulo, Brasil, danilo.avila@gmail.com

DOI:

https://doi.org/10.5216/rth.v23i2.65416

Palavras-chave:

Paranoia, História, Verdade, Patologia, Schreber

Resumo

Este estudo objetiva propor uma abertura da psicanálise à história por meio da noção de paranoia. Uma categoria tradicional da clínica, sua construção remonta ao círculo freudiano e o célebre caso do presidente Schreber para se espraiar no século XX-XXI nas obras de Theodor Adorno, Max Horkheimer, Gilles Deleuze e Slavoj Zizek. Percorrendo os usos da noção para estes filósofos, psicanalistas e sociólogos, podemos retrabalhar o acúmulo gerado pelos usos da noção para na historiografia. Richard Hofstadter, cunhador do estilo paranoico durante os anos 1960, começou este trabalho do lado da História e trouxe ganhos políticos, evidentes aos olhos de hoje. Cabe a este artigo, desenvolvê-lo, mas não para projetá-lo – expediente próximo a paranoia – em outras formações históricas, mas para repensar outros modelos críticos para a historiografia na tensão entre patologia e verdade, antinomia da noção de paranoia.

Biografia do Autor

Danilo de Ávila, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Franca, São Paulo, Brasil, danilo.avila@gmail.com

Doutorando e Mestre em História e Cultura Social no Programa Pós-graduação da UNESP/Franca. Desenvolveu a dissertação "Hans Joachim Koellreutter: uma experiência de vanguarda nos trópicos? (1939-1951)", com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (2014-2016). Membro do Grupo de Estudos Culturais da UNESP (GECU). Participou da equipe editorial da Revista História e Cultura entre 2014-2016. Colaborador no site Música e Sociedade. Segue os temas dentro da área de História e Sociologia da Música: Teoria Crítica, Música Contemporânea Brasileira, Hans Joachim Koellreutter (Musica Viva), Vanguarda (http://lattes.cnpq.br/9539442650701881).

Referências

ADORNO, Theodor. Estudos sobre a personalidade autoritária. São Paulo: Editora UNESP, 2020.

ADORNO, Theodor. Ensaios sobre psicologia social e psicanálise. São Paulo: Editora UNESP, 2015.

ADORNO, Theodor. “Spengler após o declínio”. In: ADORNO, Theodor. Prismas. São Paulo: Editora Ática, 1998.

ADORNO, Theodor. “Was Spengler Right?”. In: Encounter: Men & Ideas, January 1966, pp. 25-28.

ADORNO, Theodor. Mínima Moralia. Lisboa: Edições 70, 2017.

ADORNO, Theodor. In Search of Wagner. Trans. Rodney Livingstone. Foreword by Slavoj Žižek. London: Verso, 2005.

ADORNO, Theodor & HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento. Rio de Ja-neiro: Editora Zahar, 1985.

ADORNO, Theodor. Dialética Negativa. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.

ABRAHAM, Karl. “On the Significance of Sexual Trauma in Childhood for the Symp-tomatology of Dementia Praecox”. In: Clinical papers and essays on psychoanalysis. London: Karnac, 1979.

ARANTES, Paulo. O novo tempo do mundo e outros estudos sobre a era da emergên-cia. São Paulo: Boitempo, 2014.

CALASSO, Roberto. “Introduzione”. In: SCHREBER, Daniel. Memorie di um malato di nervi. Ed. Roberto Calasso. Milan: Adelphi, 2007.

CARONE. Marilene. “Introdução”. In: SCHREBER, Daniel. Memória de um doente dos nervos. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1984.

DELEUZE, Gilles. GUATARRI, Felix. O Anti-Édipo. São Paulo: Editora 34, 2010.

DELEUZE, Gilles. “The psycho-sexual differences between hysteria and dementia praecox”. In: Selected papers of Karl Abraham. London: Hogarth Press, 1927.

FERENCZI, Sándor. “Transferência e introjeção”. In: Obras completas: psicanálise I. São Paulo: Martins Fontes, 1991a.

FERENCZI, Sándor. “Um caso de paranoia deflagrada por uma excitação da zona anal”. In: Obras completas: psicanálise I. São Paulo: Martins Fontes, 1991b.

FERENCZI, Sándor. “On the part played by homosexuality in the pathogenesis of par-anoia”. In: First contributions to psychoanalysis. London: Karnac, 2002a.

FERENCZI, Sándor. “Some clinical observations on paranoia and paraphrenia”. In: First contributions to psychoanalysis. London: Karnac, 2002b.

FERENCZI, Sándor. “Paranoia”. In: Obras completas: psicanálise IV. São Paulo: Mar-tins Fontes, 1992.

FERENCZI, Sándor. “Stage fright and narcissistic self-observation”. In: Further con-tributions to the theory and technique of psycho-analysis. London: Karnac, 2002.

FREUD, Sigmund. “Observações psicanalíticas sobre um caso de paranoia (dementia paranoides) relatado em autobiografia (‘o caso Schreber’)”. In: Obras completas, vo-lume 10. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

FREUD, Sigmund. “Comunicação de um caso de paranoia que contradiz a teoria psi-canalítica”. In: Obras completas, volume 12. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

FREUD, Sigmund. Sobre alguns mecanismos neuróticos no ciúme, na paranoia e na homossexualidade”. In: Obras completas, volume 15. São Paulo: Companhia das Le-tras, 2011.

FREUD, Sigmund. Totem e tabu. In: Obras completas, volume 11. São Paulo: Compa-nhia das Letras, 2012

FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. In: Obras completas, volume 18. São Paulo: Companhia das Letras. 2012.

FREUD, Sigmund. [1924a]/2011. “Neurose e psicose”. In: Obras completas, volume 16. São Paulo: Companhia das Letras.

GAY, Peter. Freud: a life of our time. London: W.W Norton Company, 1988.

HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo. Belo Horizonte: Ed. Autêntica, 2015.

HOFSTADTER, Richard. The Paranoid Style in American Politics and Other Essays. Cambridge: Harvard University Press, 1964.

HOFSTADTER, Richard. The Pseudo-Conservative Revolt. American Scholar, 2007 Winter issue, December/2006. Disponível em: https://theamericanscholar.org/the-pseudo-conservative-revolt/#.X00tbnlKhhE. Acesso em: 06 jun. 2020.

HORKHEIMER, Max. Eclipse da razão. São Paulo: Editora UNESP, 2015.

HORKHEIMER, Max. "Dämmerung. Notizen in Deutschland". In: Gesammelte Schriften. Band 2: Schriften 1922-1932, op. cit., pp. 312-417.

JAMESON, Fredric. The Ancients and the Postmoderns: on the historicity of forms. London: Verso, 2007.

KOSELLECK, Reinhart. Estratos do tempo. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2014.

LACAN, Jacques. Seminar: Book III, The Psychoses 1955-1956. Ed. Jacques-Alain Miller. London: W.W. Norton Company, 1993.

MUSSE, Ricardo. Theodor Adorno: filosofia de conteúdos e modelos críticos. Trans/Form/Ação, no. 2, vol. 32. Marilia, 2009. pp. 135-145.

NOBRE, Marcos et. al. Os modelos críticos de Max Horkheimer. Novos estudos - CE-BRAP, São Paulo, n. 96, p. 153-163, July 2013.

SAFATLE, Vladimir. O fim da paranoia. Revista Época, Caderno Sociedade, 16 de setembro de 2019.

SANTNER, Eric. My own private Germany. New Jersey: Princeton U. Press, 1996.

SCHREBER, Daniel. Memória de um doente dos nervos. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1984.

STRINDBERG, August. Inferno. São Paulo: Editora 34, 2009.

ZUBOFF, Shoshana. The Age of Surveillance Capitalism: the fight for a human future at the new frontier of power. Nova Iorque: Public Affairs, 2019.

ŽIŽEK, Slavoj. Sex and the Failed Absolute. London: Bloomsbury, 2020.

ŽIŽEK, Slavoj. The Ticklish Subject. 2nd Ed. New York: Verso, 2008.

Downloads

Publicado

2020-12-22 — Atualizado em 2021-05-27

Versões

Como Citar

DE ÁVILA, D. Paranoia e História, patologia e verdade. Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 23, n. 2, p. 246–272, 2021. DOI: 10.5216/rth.v23i2.65416. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teoria/article/view/65416. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos de dossiê