A MÁSCARA DE BOI E OS MASCARADOS: PIRENÓPOLIS E O CARNAVAL EM PENTECOSTES

Autores

  • Maria Cristina de Freitas Bonetti Universidade Estadual de Goiás - UEG

Palavras-chave:

Mascarados, Máscara de Boi, Pentecostes, Pirenópolis.

Resumo

O campo empírico da investigação engloba a Península Ibérica, Arquipélago dos Açores e o Brasil, em busca de trançar a trajetória da máscara, desde a sua origem em Portugal, até a cidade de Pirenópolis, no estado brasileiro de Goiás. O estudo sobre as máscaras em Portugal concentrou-se na capital do Distrito de Bragança, na região de Trás-os-Montes, no Nordeste de Portugal. Enquanto no Brasil, concentrou-se mais na cidade de Pirenópolis. Essa pesquisa tem o propósito de revisitar algumas manifestações da cultura popular brasileira, tal como o boi e suas respectivas máscaras. Para tanto, recorremos ao rigor etnográfico para investigarmos o campo de atuação dessas principais celebrações no Brasil. Privilegiamos o modo dinâmico como essas manifestações ultrapassaram a dimensão ritualística, adquiriram diferentes tonalidades, com novos discursos acerca da folclorização da cultura popular tradicional, transformando-se em objetos, mercadorias ou produtos culturais para serem ofertadas ao turismo. A proposta deste artigo é demonstrar a legitimidade da máscara de boi e dos mascarados nas manifestações da religiosidade popular goiana, principalmente em Pirenópolis, na Festa do Divino que acontece em Pentecostes. Por fim, observamos que, em virtude das manifestações estarem enraizadas numa determinada localidade, a comunidade continua prestigiando sua cultura e, também, gostam das mudanças que a contemporaneidade autoriza. Alguns grupos também se apresentam em locais elitizados, dando visibilidade ao seu patrimônio cultural imaterial. 

Biografia do Autor

Maria Cristina de Freitas Bonetti, Universidade Estadual de Goiás - UEG

Maria Cristina de Freitas Bonetti vive e trabalha em Goiás, Brasil. Licenciada em Educação Física e especialista na área. Professora da carreira de magistério superior, DES IV, Nível I, da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e Coordenadora Adjunta de Pesquisa do Câmpus Pirenópolis. É mestre e doutora em Ciências da Religião (PPGCR- PUC-Goiás), onde atuou na linha de pesquisa: Cultura e Sistemas Simbólicos, além de coordenar GT do Sagrado Feminino, área que é especialista e sobre a qual versou sua tese doutoral "O Sagrado Feminino e a Serpente: Performances Ritualísticas na Simbologia das Danças Circulares Sagradas". Em 2017 concluiu seu Estágio Pós Doutoral no Programa de Pós Graduação Stricto Sensu na Faculdade de História- UFG, o qual foi orientada pelo Prof. Dr. Márcio Pizarro Noronha. Neste Pós Doutoramento, a sua pesquisa abordou o tema do boi, tanto na Península Ibérica quanto em várias regiões do Brasil, o qual culminou no artigo "A máscara de boi e os mascarados: Pirenópolis e o carnaval em pentecostes". No âmbito da sua carreira acadêmica, tem publicado os resultados do seu trabalho, contando com três livros de sua autoria "Contradança: Ritual e Festa de um Povo", "Cantar, Dançar e Contar a História com os Pés" e "Sagrado Feminino: As encantarias da Serpente evocadas na simbologia das danças circulares sagradas", e capítulos de livros e artigos. Além disso, participa de projetos de pesquisa, é parecerista na área de cultura e solicitada como avaliadora independente por editoriais. É folclorista, etnógrafa, analista em cultura (SeCult), escritora, pesquisadora, terapeuta corporal transpessoal (DEP) e focalizadora de Danças Circulares Sagradas. Formou-se em em Danças Folclóricas Meditativas e Sagradas pelo "Ausbildungsinstitut" (DE, Friedel Kloke/2007). Em 1978 criou o "Arraiá o Zé Fedo", que faz parte do calendário oficial de eventos de Goiânia. Realizou a abertura do Evento Cultural, no 1º FICA (Cidade de Goiás 1999 - "A noite do maracá: ritual da herança Kaiapó"). Tem experiência na área de Festas e Danças da Cultura Popular Tradicional e Patrimônio Imaterial, com ênfase em Danças Regionais do Brasil, atuando principalmente nos seguintes temas: Danças populares e Folclóricas de Goiás, Festas da Religiosidade Popular em Goiás, Multiculturalismo, Memória, Tradição, Identidade e Performances Culturais. Atua em Círculo de Mulheres com ênfase nas Danças Circulares Sagradas e Sagrado Feminino. Vice-coordenadora e pesquisadora do grupo de pesquisa "Interartes: processos e sistemas interartísticos e estudos de performance". Coordenação: Márcio Pizarro Noronha. Pesquisadora no grupo de pesquisa ÍMAN - Imagem, Mito e Imaginário nas Artes da Cena, da Universidade Federal de Goiás, sob a coordenação do Prof. Dr. Alexandre Silva Nunes. Membro participante do International Dance Council- CID/UNESCO. Membro efetivo e Vice Presidente do Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de Goiânia. Em 2015, foi homenageada pelo Conselho Municipal de Cultura (SeCult- Goiânia), com Diploma de Honra ao Mérito Cultural, pelo reconhecimento de suas ações na área de Dança.

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Publicado

2017-12-28

Como Citar

BONETTI, M. C. de F. A MÁSCARA DE BOI E OS MASCARADOS: PIRENÓPOLIS E O CARNAVAL EM PENTECOSTES. Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 18, n. 2, p. 130–152, 2017. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teoria/article/view/50896. Acesso em: 4 maio. 2024.