AS VANGUARDAS DO SÉCULO XX E O CAMINHAR COMO PRÁTICA ESTÉTICA NO CAMPONÊS DE PARIS

Autores

  • Celma Paese Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Roberta Krahe Edelweiss PPGAU UNIRITTER

Palavras-chave:

Caminhar e a cidade, Arte pública e o caminhar, Cartografia urbana, Cidade das Vanguardas

Resumo

No início do século XX, o caminhar foi assumido pelas Vanguardas como uma forma de ação estética. Os dadaístas usavam a caminhada para representar a banalidade da cidade. O dadaísmo causou um golpe mortal aos conceitos tradicionais de cultura, dando origem ao surgimento de novas expressões e conceitos através da negação do que havia ocorrido antes. A exploração da banalidade pregada pelo Dada deu origem à análise freudiana do inconsciente da cidade, que seria desenvolvido mais tarde pelos surrealistas e os situacionistas. Essas representações se originaram na crença dos Futuristas de que a cidade não deveria ser vista de forma estática. As ideias surrealistas foram desenvolvidas no contexto da Europa entre guerras. Assumindo o caminhar como dispositivo, as deambulações surrealistas exploravam o simbólico nos elementos au hasard impossível de encontrar nas perspectivas tradicionais.  A cidade surrealista era explorada todos os dias, de forma diferente, onde ‘sentir-se perdido’ fazia sentir o ‘maravilhoso cotidiano’ encontrado nos inconscientes da cidade. Este processo é retratado no Camponês de Paris de Louis Aragon, onde a analogia desenhada entre imagens surrealistas e espírito romântico, só era possível na cidade: Aragon descreveu a agonia de passagens, este fascinante espaço urbano e a experiência de caminhada em um parque público à noite, onde literalmente a realidade é confundida com os sonhos. Nadja e o Amor Louco de Breton também mostraram esse processo, mas enfatizando as percepções que surgiram au hasard durante encontros com pessoas e objetos em deambulações urbanas. As sucessões de fatos, objetos e situações foram pistas que levaram Breton a reconhecer, pouco a pouco, sinais que levaram ao seu destino pessoal, sempre com a cidade como pano de fundo.

Biografia do Autor

Celma Paese, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Pós-Doutora PNPD CAPES pelo PPGAU-Mestrado associado Uniritter-Mackenzie, Coordena o Projeto de Pesquisa e Extensão Cartografia da Hospitalidade. Graduada em Arquitetura pela UNIRITTER (1985). Mestrado (2006) e Doutorado (2016) em Teoria, História e Crítica da Arquitetura no PROPAR-UFRGS com a tese Contramapas de Acolhimento e a dissertação Caminhando. Pós¬-graduação em Design: Projeto de Produto (PUC-RS) e Arteterapia (FEEVALE). Foi professora convidada da Faculdade de Arquitetura da TU Wien, em Viena, Áustria (2014) e da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma 3 em Roma, Itália (2013). Foi Professora Permanente do PPGAU Programa de Pós-Graduação em Projeto de Arquitetura e Urbanismo da FAU UNIRITTER, na Linha de Pesquisa ?Projeto e Construções Culturais da Área de Concentração ?Arquitetura e Urbanismo? onde foi orientadora de mestrado e responsável pelo Laboratório 2 ? Projeto de Arquitetura e Urbanismo: Teorias e Técnicas. Foi professora de Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo I, II e II na Graduação em Arquitetura e Urbanismo da mesma instituição.Foi professora da FAU UNISC ,em Santa Cruz do Sul e da FAU URI,, em Santo Ângelo. Participa dos grupos de pesquisa do CNPQ: Arquitetura, Derrida e aproximações (PROPAR-UFRGS e PPGFIL UERJ) e Cidade+Contemporaneidade (PROGRAU UFPEL). A partir de seu trabalho de mestrado publicou o livro Caminhando (2015). Publicou capítulos nos livros: Derrida e Arquitetura (2013), (entre) Cruzamentos ? ensaios sobre a cidade na contemporaneidade (2013) e Mover, Acolher, Cativar (2016). Publica artigos e ensaios em periódicos, como autora e co-autora.É coautora do e-book: Karlsplatz Vienna Revisited ? Everyday Tourism and Policy Innovation (TUWien-PROPAR 2015) e organizadora do livro Poéticas do Lugar (2016). Participou do conselho editorial do livro Cross-Cult Desenho Urbano (2017) e faz parte do conselho editorial da Revista Pixo do PROGRAU da FAURB-UFPEL. É avaliadora da Revista Pixo e da Revista Arquitetura Revista da UNISINOS. Acredita na Arquitetura como profissão multidisciplinar. Relaciona sua experiência de pesquisa e prática em Arquitetura e Urbanismo com a vivência estética da cidade, suas representações multidisciplinares e as relações com as Artes e Filosofia. Interesses: cartografia da hospitalidade, projeto de arquitetura e urbanismo, urbanismo contemporâneo, apropriações espaciais da cidade por ações multidisciplinares, caminhar errante, nomadismo, filosofia da diferença, estética, teoria, história e crítica, expressão e representação, desconstrução. Base teórica: Guy Debord, Jacques Derrida, Giorgio Agamben, Gilles Deleuze e Félix Guattari. Sites de referência: https://cartografiadahospita.wixsite.com/cartografia https://www.instagram.com/cartografiadahospitalidade/ https://www.facebook.com/caminhandonacidade/

Roberta Krahe Edelweiss, PPGAU UNIRITTER

Possui Graduação em Arquitetura e Urbanismo pelo UniRitter (2000) e Doutorado em Projetos Arquitetônicos pela ETSAB/UPC (2008). Já lecionou nas instituições UFRGS, UNISC, Unisinos e UniRitter. Na Unisinos foi Editora-chefe da Arquiteturarevista e coordenadora do Mestrado Profissional em Arquitetura e Urbanismo. No UniRitter foi Coordenadora Programa Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Atua como avaliadora de cursos superiores do pelo INEP/MEC. Atualmente é Conselheira do CAU/RS. É membro do Conselho Editorial das revistas Arquiteturarevista (Unisinos), Petra (Instituto Metodista Izabela Hendrix) e PRUMO (PUC-Rio). Tem atuado essencialmente em docência, gestão acadêmica, editoração científica e investigação na área de Projeto de Arquitetura e Urbanismo.

Referências

ARAGON, Louis. O Camponês de Paris. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

CARERI, Francesco. Walkscapes: walking as an aesthetic practice. Barcelona: Gustavo Gili, SA, Barcelona, 2002.

CIDADE, Daniela. A cidade revelada: a fotografia como prática de assimilação da arquitetura. Dissertação de Mestrado: PROPAR –UFRGS, 2002, p. 95 e 105.

CHEVALIER, Jean. Dicionário dos símbolos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1995.

DE QUINCEY, Thomas. Confissões de um comedor de ópio. Porto Alegre, LP&M, 2002.

PAESE, Celma. Caminhando: o caminhar como prática socioestética e estudos sobre a arquitetura móvel. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2015.

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Publicado

2017-12-28

Como Citar

PAESE, C.; EDELWEISS, R. K. AS VANGUARDAS DO SÉCULO XX E O CAMINHAR COMO PRÁTICA ESTÉTICA NO CAMPONÊS DE PARIS. Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 18, n. 2, p. 54–67, 2017. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teoria/article/view/50892. Acesso em: 4 maio. 2024.