O ativismo jurídico com estratégia da razão neoliberal no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/rfd.v42i2.55736

Palavras-chave:

Neoliberalismo, Populismo autoritário, Ativismo jurídico, Reforma moral

Resumo

O objetivo deste artigo é apresentar um quadro conceitual genérico da recepção da razão neoliberal global no Brasil, tal como a postulam Wendy Brown, Dardot e Laval, por meio de uma de suas estratégias decisivas, o ativismo jurídico. Esse ativismo, presente em todo o período do governo do Partido dos Trabalhadores, por não estar ancorado nos pressupostos necessários ao seu sucesso, a saber, instituições políticas e jurídicas sólidas e uma cultura democrática razoavelmente estabelecida, conduziu o país como estratégia decisiva, ao populismo autoritário de direita, mantendo e reforçando a velha estrutura de dominação oligárquica local e antimoderna, em sintonia com a ultramoderna oligarquia global, e também  neofeudal, como a define Streeck, ao pretender promover uma reforma moral da política.

Abstract

The objective of this article is to present a generic conceptual framework for the reception of global neoliberal reason in Brazil, as postulated by Wendy Brown, Dardot e Laval, through one of its strategies, legal activism. This activism, present  throughout the entire period of the Workers' Party government, for not anchored in the assumptions necessary for its success, namely, solid political and legal institutions and a reasonably established democratic culture, led the country to right-wing authoritarian populism, maintaining and reinforcing the old structure of local and anti-modern oligarchic domination, in tune with the ultramodern global oligarchy, as well as neofeudal, as Streeck defines it, in seeking to promote a moral reform of politics.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

João da Cruz Gonçalves Neto, Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Direito, Goiânia, Goiás, dellacroce@dellacroce.pro.br

Referências

BAUMAN, Zygmunt. Vidas desperdiçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

BLYTH, Mark. Austeridade: a história de uma ideia perigosa. Lisboa: Quetzal, 2014.

BROWN, Wendy. Undoing the Demos: Neoliberalism´s Stealth Revolution. New York: Zone Books, 2015.

______. American Nightmare: Neoliberalism, Neoconservatism and De-Democratization. Political Theory, Vol. 34, nº 6 (Dec. 2006), pp. 690-714. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/20452506. Acessado em: 30out2017.

GARGARELLA, Roberto. Crisis de la representación política. Distribuiciones Fontamara: México, D.F., 2002.

HALL, Stuart. “The Great Moving Right Show”. In: Marxism Today, January, 1979.

HALL, Stuart et alli. Policing the Crisis: Mugging, the State and Law and Order. London: The Macmillan Press, 1982.

KLEIN, Naomi. A doutrina do choque: a ascensão do capitalismo de desastre. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

KUTTNER, Robert. “Do livre mercado às grandes ditaduras”. Outras Palavras, 2018. Disponível em: <https://outraspalavras.net/posts/do-livre-mercado-as-grandes-ditaduras/>. Acessado em: 5 out 2018.

LAVAL, Christian et DARDOT, Pierre. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.

MARCUSE, Herbert. O homem unidimensional: a ideologia da sociedade industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

MARTINS, José de Souza. O poder do atraso: ensaios de sociologia da história lenta. São Paulo: Hucitec, 1999.

MERKEL, Wolfgang. “Is capitalism compatible with democracy?”. In: Zeitschrift für Vergleichende Politikwissenschaft, (2014) 8:109–128.

MORO, Sérgio F. Considerações sobre a operação Mani Pulite. Brasília: CEJ n. 26, 2004, pp. 56-62.

MOUFFE, Chantal. O regresso do político. Lisboa: Gradiva, 1996.

NEVES, A. Castanheira. Entre o ‘legislador’, a ‘sociedade’ e o ‘juiz’ ou entre ‘sistema’, função’ e ‘problema’ – os modelos actualmente alternativos de realização jurisdicional do direito, in Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra. Coimbra: Universidade de Coimbra, 1998.

POLANYI, Karl. A grande transformação: as origens da nossa época. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.

RODRIK, Dani. “Depois do neoliberalismo, o quê?”. In: Desenvolvimento e Globalização: perspectivas para o crescimento. Brasília: BNDS, 2002.

______. “O neoliberalismo é uma perversão da economia dominante.” Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/574765-o-neoliberalismo-e-uma-perversao-da-economia-dominante-artigo-de-dani-rodrick>. Acessado em: 10 out 2018.

ROS, Luciano da. O custo da justiça no brasil: uma análise comparativa exploratória. Observatório de elites políticas e sociais no Brasil, n. 2 v. 9, 2015. Disponível em: http://observatory-elites.org/wp-content/uploads/2012/06/newsletter-Observatorio-v.-2-n.-9.pdf. Acessado em: 28out2018.

SOUZA, Jessé. A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato. Rio de Janeiro: Leya, 2017.

STIGLITZ, Joseph. Políticas de desenvolvimento no mundo da globalização. Brasilia: BNDS, 2002.

STREECK, Wolfgang. ¿Cómo terminará el capitalismo? Madrid: Traficantes de Sueños, 2017.

UNGER, Roberto Mangabeira. O movimento de estudos críticos do direito: outro tempo, tarefa maior. Belo Horizonte: Letramento: Casa do Direito, 2017.

Downloads

Publicado

2019-01-04

Como Citar

GONÇALVES NETO, J. da C. O ativismo jurídico com estratégia da razão neoliberal no Brasil. Revista da Faculdade de Direito da UFG, Goiânia, v. 42, n. 2, p. 172–197, 2019. DOI: 10.5216/rfd.v42i2.55736. Disponível em: https://revistas.ufg.br/revfd/article/view/55736. Acesso em: 25 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos Científicos