“P’a gozar con el ritmo del tambó”

corpo, movimento e emoção na epistemologia do ritmo de Victoria Santa Cruz

Autores

  • Camila Daniel Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Três Rios, Rio de Janeiro, Brasil

Palavras-chave:

Afroperuanidad, Ancestralidade, Autoetnografia, Decolonialidade

Resumo

Este artigo analisa a obra de Victoria Santa Cruz como uma epistemologia decolonial. A artista, diretora de teatro e intelectual afro-peruana foi pioneira na pesquisa, recriação e performance de manifestações culturais afro-peruanas. A partir de sua experiência, fundou uma epistemologia que pratica as artes negras como reivindicação da afro-peruanidad como parte da identidade nacional e, ainda, uma forma de produzir (auto)conhecimento que desafia a divisão entre mente, corpo e emoção, característica da metafísica moderna. Na epistemologia do “ritmo interior”, Victoria expande as possibilidades significativas das manifestações culturais tradicionais, entre elas, as negras, como meio para difundir suas reflexões e ainda incentivar a descolonização do ser. Este artigo estabelece o diálogo entre Victoria, as reflexões de intelectuais negros na diáspora e ainda minha trajetória como antropóloga negra brasileira trabalhando com imigrantes peruanos, entendendo a importância da experiência negra para também descolonizar a Antropologia da dança, do corpo e das emoções.

 

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Publicado

2021-01-20

Como Citar

DANIEL, C. “P’a gozar con el ritmo del tambó”: corpo, movimento e emoção na epistemologia do ritmo de Victoria Santa Cruz. Hawò, Goiânia, v. 1, p. 1–35, 2021. Disponível em: https://revistas.ufg.br/hawo/article/view/66051. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Corpo em Dança: transformações, ritmos e lugares