Caos, crise e a etnografia das escolas de samba do Rio de Janeiro

Autores

  • Renata de Castro Menezes Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

Palavras-chave:

Rio de Janeiro. Escolas de Samba. Religião e Cultura.

Resumo

Este ensaio pretende discutir as ideias de caos e crise na conjuntura brasileira contemporânea, com dados oriundos de uma pesquisa em andamento sobre as relações entre religião e culturano Carnaval das escolas de samba do Rio de Janeiro. Sua estrutura compreende uma breve introdução à literatura antropológica brasileira sobre escolas de samba, seguida da apresentação do universo de pesquisa – o Mundo do Carnaval – bem como dos recortes, das condições objetivas e procedimentos que a caracterizam. Na montagem, são utilizados dados coletivos da equipe, obtidos desde2017, e notas etnográficas individuais na análise de uma situação específica. Por fim, trilhando caminhos abertos pelas teorias antropológicas do ritual, procura-se entender os enredos em desfiles como eventos críticos, que seriam, segundo Bruce Kapferer, aqueles em que conflitos e intransigências são tornados explícitos e em que novas formas de enquadramento social podem ser produzidas.

Referências

ANDERSON, B. Comunidades Imaginadas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
AUGRAS, M. O Brasil do samba-enredo. Rio de Janeiro: FundaçãoGetúlio Vargas, 1998.
BÁRTOLO, L. O enredo de Cosme e Damião no Carnaval carioca. 2018.Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Museu Nacional, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, 2018.
BECKER, H. Art worlds. California: University of California Press, 1982. BOSISIO, I. A religião no calendário oficial: um mapea men to da leg islação sobre fer iados no Brasil. 2014. Dissertação (Mes trado em Antropologia Social) – Muse u Nac iona l, Universidade Federa l do Rio de Janeiro , 2014.
BOURDIEU, P. A Economia das Trocas Linguísticas. São Paulo: Edusp , 1996.
CAVALCANTI, M. L. V. C. Carnaval carioca: dos bastidores ao desfile. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2006 [1994].
CAVALCANTI, M. L. V. C. Drama, ritual e performance em Victor Turner. Sociologia & Antropologia, Rio de janeiro, v. 3, n. 6, p. 411-440, nov. 2013.
CAVALCANTI, M. L. V. C.; GONÇALVES, R. On Ritual and Performances. Vibrant, Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 1-7, 2017.
CAVALCANTI, M. L. V. C.; SINDER, V. e LAGE, G. C. Victor Turner e a antropologia no Brasil. Duas visões. Entrevista com Roberto DaMatta e Yvonne Maggie. Sociologia & Antropologia, Rio de Janeiro, v. 3, n. 6), p.339-378, nov.2013.
Revista Hawò. 2020, v.1
CERTEAU, M. de. A invenção do Cotidiano: artes de fazer. 3. ed. PetrópolisÇ Vozes, 1998 [1990].
COMISSÃO ESPECIAL COM A FINALIDADE DE ANALISAR A RELAÇÃO E AS RESPONSABILIDADES ENTRE O PODER PÚBLICO MUNICIPAL E O CARNAVAL. Relatório. Rio de Janeiro: Gráfica da
Câmara Municipal do Rio de Janeiro, 2017.
DAMATTA, R. O Carnaval como rito de passagem. In: DAMATTA, R. Ensaios de antropologia estrutural. Petrópolis: Vozes, 1973. p. 19-66.
DAMATTA, R. Carnavais, malandros e heróis. Rio de Janeiro: Zahar, 1997 [1979].
DUARTE, G. O sagrado também samba. Os enredos de temática religiosa entre os anos de 1985-2019. In: JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA, ARTÍSTICA E CULTURAL (JICTAC), 41, Rio de Janeiro, Museu Nacional, 21 a 27 de outubro de 2019.
DURKHEIM, É. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 1989 [1912].
ELIAS, N. A Sociedade de Corte. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.
FAVRET-SAADA, J. Ser afetado. Cadernos de Campo, São Paulo, n. 13, p. 155-161, 2005.
GIUMBELLI, E. When Religion is Culture: observations about State Policies aimed at afro-brazilian religions and other afro-heritage. Sociologia & Antropologia, Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p. 401-426, 2018.
GOLDWASSER, M. J. O palácio do samba. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
KAPFERER, B. In the event: Toward an anthropology of generic moments. Social Analysis, v. 54, n. 3, p. 1-27, 2010.
KAPFERER, B. Victor Turner and the Ritual Process – Guest Editorial. Anthorpology Today, v. 35, n. 3: p. 1-2, 2019.
LEOPOLDI, J. S. Escola de samba, ritual e sociedade. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2010 [1978].
LIESA. Regulamento Rio Carnaval 2020. Rio de Janeiro: Liesa, 2020. Disponível em: https://liesa.globo.com/2020/por/03-carnaval/regulamento/regulamento.html. Acesso em: 11 fev. 2020.
LIERJ. Regulamento 2019. Disponível em: http://lierj.com.br/carnaval-2019/regulamentos-2019/. Acesso em: 11 fev. 2020.
MAFRA, C. A “Arma da Cultura” e os “Universalismos Parciais”. Mana, Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, p. 607-624, 2011.
MARIZ, C. L.; CAMPOS, R. B. C. Pentecostalism and “National Culture”: a dialogue between Brazilian Social Sciences and the Anthropology of Christianity. Religion and Society, v. 2, n. 1, p. 106-121, 2011. MAUSS, M. Ensaio sobre a dádiva. Forma e razão da troca nas sociedades arcaicas. In: MAUSS, M. Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac-Naify, 2003 [1924]. p. 183-314.
MENEZES, R. de C. Um episódio e algumas lições: A Festa da Penha no ano de 1994. Numen, Juiz de Fora, v. 3, n. 2, p. 91-116, 2000.
MENEZES, R. de C. Aquela que nos junta, aquela que nos separa. Comunicações do ISER, Rio de Janeiro, v. 66, p. 74-85, 2012.
MENEZES, R. de C. Religiões, números e disputas sociais. Comunicações doISER, Rio de Janeiro, v. 33, p. 34-54, 2014.
MENEZES. R. de C. Doces santos: sobre os saquinhos de Cosme e Damião. In: GOMES, E. de C.; OLIVEIRA, P. L. de (Org.). Olhares sobre o patrimônio religioso. Rio de Janeiro: Mar de Ideias, 2016, p. 57-87.
MENEZES, R. de C. Santos, vadias e fetos. PONTO URBE, São Paulo, v. 20, p. 34-86, 2017.
MENEZES, R. de C. Os objetos religiosos cabem em quais vitrines? In: LIMA FILHO, M.; PORTO, N. (Org.). Coleções étnicas e museologia compartilhada. Goiânia: Editora da Imprensa Universitária, 2019, p. 112-132.
MENEZES, R. de C.; BÁRTOLO, L. Quando devo ção e carnava l se encontra. PROA : Revista de Antropologia e Arte, v. 9, n. 1, p. 96-121, 2019.
MENEZES, R. de C.; SANTOS, L. R. Gestão Crivella e a experiência-modelo do projeto da IURD. Entrevista. IHU On-Line, 19 jul. 2017. Disponível em: https://goo.gl/eNRUzv. Acesso em: 12 abr. 2018.
MOTTA, A. A. Revista da Grande Rio. Duque de Caixas: Acadêmicos do Grande Rio, 2019a.
MOTTA, A. A. Em 2020, escolas de samba dobram apostas na contestação, na crítica. Rádio CBN, Rio de Janeiro, 19 dez. 2019b. Disponível em: https://glo.bo/2vmGdUE. Acesso em: 11 fev. 2020.
OOSTERBAAN, M. Transposing Brazilian Carnival: Religion, Cultural Heritage, and Secularism in Rio de Janeiro. American Anthropologist, v.119, n. 4, p. 697-709, 2017.
ORTNER, S. Dark anthropology and its others: Theory since the eighties. HAU: Journal of Ethnographic Theory, v. 6, n. 1, p. 47-73, 2016.
PALMEIRA, M. Memorial do Candidato. Mana, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, p. 371-409, 2014.
REVEL, J. Jogos de Escala. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas,1998.
SANCHIS, P. As religiões dos brasileiros. Horizonte, Belo Horizonte, v. 1, n. 2, p. 28-43, ago./1997.
SANT’ANA, R. A música gospel e os usos da “arma da cultura”. Reflexões sobre as implicações de uma emenda. Revista Intratextos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 23-41, 2013.
SANT’ANA, R. A nação cujo Deus é o senhor: a imaginação de uma coletividade evangélica. 2017. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2017.
SANTOS, L. R. Ser Universal: crentes engajados e práticas cotidianas na cidade de Maputo. 2018. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2018.
SANTOS, M. S. dos. O Batuque Negro das Escolas de Samba. EstudosAfro-Asiáticos, Rio de Janeiro, v. 35, p. 43-66, 1999.
SILVA, R. A. Entre “artes” e “ciências”: as noções de performance e drama no campo das ciências sociais. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 11, n. 24, p. 35-65, 2005.
SIMAS, L. A. Minha próxima tarefa será escrever um pequeno ensaio. Facebook Luiz Antonio Simas, postado em Rio de Janeiro, 31 ago. 2019a. Disponível em: https://www.facebook.com/luizantonio.simas/friends?lst=100002682738914%3A100002385328601%3A1581431780&source_ref=pb_friends_tl. Acesso em: 11 fev. 2020.
SIMAS, L. A. Não encaro Joãozinho da Goméia como um ser descolonizado… Facebook Luiz Antonio Simas, postado em Rio de Janeiro, 6 set. 2019b. Disponível em: https://www.facebook.com/luizantonio.simas/timeline?lst=100002682738914%3A100002385328601%3A1581431780. Acesso em: 11 fev. 2020.
SIMAS, L. A., FABATO, F. Pra tudo começar na quinta-feira: o enredo dos enredos. Rio de Janeiro: Mórula, 2015.
TAYLOR, D. Traduzindo Performance. In: DAWSEY, J. et al. Antropologia e Performance. São Paulo: Terceiro Nome, 2013, p. 9-16.
TEIXEIRA, F.; MENEZES, R. de C. (Org.). As religiões no Brasil: continuidadese rupturas. Petrópolis: Vozes, 2006.
TEIXEIRA, F.; MENEZES, R. de C. (Org.). Religiões em movimento: o censode 2010. Petrópolis: Vozes, 2013.
VIEIRA, L. A verdade vos fara livre – Sinopse 2020. Rio de Janeiro,jul./2019. Disponível em: http://www.mangueira.com.br/carnaval-2019/ Acesso em: em: 11 fev. 2020.
VIEIRA, C. Leandro Vieira e Mangueira: o casamento perfeito. Entrevista. Blog Brasil, festas e folias, 12 abr. 2019. Disponível em: https://brasilfestasefolias.com.br/509-2/. Acesso em: 11 fev. 2020.
VITAL DA CUNHA, C. Oração de traficante: uma etnografia. Rio de Janeiro:Garamond, 2015.

Downloads

Publicado

2020-06-15

Como Citar

DE CASTRO MENEZES, R. Caos, crise e a etnografia das escolas de samba do Rio de Janeiro. Hawò, Goiânia, v. 1, p. 1–38, 2020. Disponível em: https://revistas.ufg.br/hawo/article/view/63885. Acesso em: 29 mar. 2024.