TY - JOUR AU - Silva, Ana Elisa Bauer de Camargo PY - 2010/09/30 Y2 - 2024/03/28 TI - Segurança do paciente: desafios para a prática e a investigação em Enfermagem JF - Revista Eletrônica de Enfermagem JA - Rev. Eletr. Enferm. VL - 12 IS - 3 SE - Editorial DO - 10.5216/ree.v12i3.11885 UR - https://revistas.ufg.br/fen/article/view/11885 SP - 422-4 AB - <p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: 6.5pt; line-height: 115%;">doi: <span class="tx1">10.5216/ree.v12i3.11885</span><strong style="mso-bidi-font-weight: normal;"></strong></span></p></p><p>A preocupa&ccedil;&atilde;o com qualidade do cuidado e com a seguran&ccedil;a do paciente nas institui&ccedil;&otilde;es de sa&uacute;de tem surgido em &acirc;mbito global. O movimento em prol da seguran&ccedil;a do paciente teve seu in&iacute;cio na &uacute;ltima d&eacute;cada do s&eacute;culo XX, ap&oacute;s a publica&ccedil;&atilde;o do relat&oacute;rio do <em>Institute of Medicine </em>dos EUA que apresentou os resultados de v&aacute;rios estudos que revelaram a cr&iacute;tica situa&ccedil;&atilde;o de assist&ecirc;ncia &agrave; sa&uacute;de daquele pa&iacute;s. Dados apontaram que de 33,6 milh&otilde;es de interna&ccedil;&otilde;es 44.000 a 98.000 pacientes, aproximadamente, morreram em consequ&ecirc;ncia de eventos adversos<sup>(1)</sup>.</p> <p>Desde ent&atilde;o a Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial de Sa&uacute;de (OMS) tem demonstrado sua preocupa&ccedil;&atilde;o com a seguran&ccedil;a do paciente e adotou esta quest&atilde;o como tema de alta prioridade na agenda de pol&iacute;ticas dos seus pa&iacute;ses membros a partir do ano 2000. Em 2004, criou a Alian&ccedil;a Mundial para Seguran&ccedil;a do Paciente, visando a socializa&ccedil;&atilde;o dos conhecimentos e das solu&ccedil;&otilde;es encontradas. Esta alian&ccedil;a tem tamb&eacute;m o objetivo de conscientizar e conquistar o compromisso pol&iacute;tico, lan&ccedil;ando programas, gerando alertas sobre aspectos sist&ecirc;micos e t&eacute;cnicos e realizando campanhas internacionais que re&uacute;nem recomenda&ccedil;&otilde;es destinadas a garantir a seguran&ccedil;a dos pacientes ao redor do mundo<sup>(2) </sup>.</p> <p>Em maio de 2007 foram publicadas as nove solu&ccedil;&otilde;es para preven&ccedil;&atilde;o de evento adverso no cuidado &agrave; sa&uacute;de<sup>(3)</sup>. Os atuais desafios globais incluem "Cuidado Limpo &eacute; Cuidado Seguro" visando garantir a melhoria da higieniza&ccedil;&atilde;o das m&atilde;os dos profissionais que atuam no cuidado, "Cirurgias Seguras Salvam Vidas", visando melhorar a seguran&ccedil;a do tratamento cir&uacute;rgico em todos os contextos de cuidados de sa&uacute;de e "Enfrentar a Resist&ecirc;ncia Antimicrobiana" como uma prioridade e o foco do Dia Mundial da Sa&uacute;de de 2011<sup>(4)</sup>.</p> <p>O maior desafio dos especialistas em seguran&ccedil;a do paciente, que buscam a redu&ccedil;&atilde;o dos eventos nas institui&ccedil;&otilde;es de sa&uacute;de tem sido a assimila&ccedil;&atilde;o, por parte dos dirigentes, de que a causa dos erros e eventos adversos &eacute; multifatorial e que os profissionais de sa&uacute;de est&atilde;o suscet&iacute;veis a cometer eventos adversos quando os processos t&eacute;cnicos e organizacionais s&atilde;o complexos e mal planejados. Os sistemas fracassam em todo o mundo e desde que a assist&ecirc;ncia seja prestada por seres humanos h&aacute; a possibilidade de promo&ccedil;&atilde;o de riscos e danos aos pacientes, embora o que seja de fato importante neste momento &eacute; que esta realidade n&atilde;o seja mais ignorada.</p> <p>A compreens&atilde;o de que sistemas falham e permitem que as falhas dos profissionais se propaguem, atingindo os pacientes e causando eventos adversos, permite &agrave; organiza&ccedil;&atilde;o hospitalar rever os seus processos, estudar e refor&ccedil;ar suas barreiras de defesa e as falhas latentes, que est&atilde;o presentes nos locais de trabalho e que tornam o sistema fr&aacute;gil e suscet&iacute;vel a erros.</p> <p>Como resultado dos movimentos globais acerca dessa problem&aacute;tica, investiga&ccedil;&otilde;es cient&iacute;ficas tem sido conduzidas para identifica&ccedil;&atilde;o e compreens&atilde;o dos erros e eventos adversos, ado&ccedil;&atilde;o de medidas corretivas e pr&oacute;-ativas, an&aacute;lise das falhas sist&ecirc;micas e dos fatores causais, desenvolvimento de estrat&eacute;gias que garantam a pr&aacute;tica segura melhorando a qualidade da assist&ecirc;ncia e, consequentemente, fornecendo maior seguran&ccedil;a ao paciente.</p> <p>Um grave problema encontrado tem sido a falta de informa&ccedil;&otilde;es sobre os eventos adversos que ocorrem e sobre seus fatores causais, impedindo o conhecimento, avalia&ccedil;&atilde;o e a discuss&atilde;o sobre as consequ&ecirc;ncias destes eventos para os profissionais, usu&aacute;rios e familiares. Esta lacuna prejudica a a&ccedil;&atilde;o dos gestores para realiza&ccedil;&atilde;o do planejamento e desenvolvimento de estrat&eacute;gias organizacionais voltadas para a ado&ccedil;&atilde;o de pr&aacute;ticas seguras, minimiza&ccedil;&atilde;o dos eventos e melhoria da assist&ecirc;ncia, colocando em risco a seguran&ccedil;a dos pacientes.</p> <p>Entre os desafios para a enfermagem quando se trata do assunto est&atilde;o: a cria&ccedil;&atilde;o de Comit&ecirc;s de Seguran&ccedil;a do Paciente nas institui&ccedil;&otilde;es de sa&uacute;de constitu&iacute;da por equipe multidisciplinar, visando desenvolver uma cultura de seguran&ccedil;a dentro das institui&ccedil;&otilde;es e o fortalecimento da Rede de Enfermagem e Seguran&ccedil;a do Paciente (Internacional, Nacional e Regional) promovendo a comunica&ccedil;&atilde;o r&aacute;pida e efetiva das evid&ecirc;ncias, experi&ecirc;ncias e recomenda&ccedil;&otilde;es destinadas a garantir a seguran&ccedil;a dos pacientes ao redor do mundo.</p> <p>Outro desafio, n&atilde;o menos importante, est&aacute; o desenvolvimento de pesquisas cient&iacute;ficas que visem minimizar a reconhecida dist&acirc;ncia que existe entre o que se sabe em teoria e o que se aplica na pr&aacute;tica (<em>know-do gap</em>). A enfermagem necessita transformar o discurso da pesquisa sobre seguran&ccedil;a existente hoje, em um caminho s&oacute;lido em dire&ccedil;&atilde;o a uma assist&ecirc;ncia mais segura no amanh&atilde;.</p> <p>As investiga&ccedil;&otilde;es sobre a seguran&ccedil;a do paciente devem subsidiar as tomadas de decis&atilde;o e as interven&ccedil;&otilde;es da gest&atilde;o modificando a pr&aacute;tica do cuidado.&nbsp; As a&ccedil;&otilde;es adotadas precisam gerar resultados como pr&aacute;ticas confi&aacute;veis que fa&ccedil;am a diferen&ccedil;a na seguran&ccedil;a dos pacientes, minimizando os riscos e alterando o quadro atual de eventos indesej&aacute;veis.</p> <p>&nbsp;</p> <p><strong>REFER&Ecirc;NCIAS</strong></p> <p>1. Kohn LT, Corrignan JM, Donaldson MS, editors. To err is human: building a safer health system. Washington: National Academy Press; 2001.</p> <p>2. World Health Organization [Internet]. Geneva: World Health Organization (SW) [cited 2010 sep 29]. World Alliance for Patient Safety. Available from: <a href="http://www.who.int/patientsafety/worldalliance/en/">http://www.who.int/patientsafety/worldalliance/en/</a>.</p> <p>3. World Health Organization [Internet]. Geneva: World Health Organization (SW) [cited 2010 sep 29]. WHO launches. Nine patient safety solutions. Solutions to prevent health care-related harm. Available from: <a href="http://www.who.int/mediacentre/news/releases/2007/pr22/en/index.html">http://www.who.int/mediacentre/news/releases/2007/pr22/en/index.html</a></p> <p>4. World Health Organization [Internet]. Geneva: World Health Organization (SW) [cited 2010 sep 29]. Campaings. WHO Patient Safety campaigns. Available from: <a href="http://www.who.int/patientsafety/campaigns/en/">http://www.who.int/patientsafety/campaigns/en/</a>.</p><p>&nbsp;</p> ER -