TY - JOUR AU - Kunin, Johana AU - Faccio, Yanina PY - 2021/09/08 Y2 - 2024/03/28 TI - “Aqui sabemos se as pessoas estão isoladas”: (anti)anonimato, cuidado e poder em localidades pequenas e médias em tempos de COVID-19 JF - Sociedade e Cultura JA - Soc. e Cult. VL - 24 IS - SE - Dossiê: Ciências Sociais e Covid-19 DO - 10.5216/sec.v24.65950 UR - https://revistas.ufg.br/fcs/article/view/65950 SP - AB - <p>Este estudo se propõe a investigar as maneiras como a pandemia de doença por coronavírus 2019 (COVID-19) tem sido gerida em pequenas e médias aglomerações na província de Buenos Aires (Argentina) onde as relações “face a face” são predominantes. Nosso material etnográfico se baseia em entrevistas com habitantes de distritos rurais portenhos onde temos realizado trabalho de campo – presencial e agora também a distância – nos últimos oito anos, por meio de reportagens de jornais locais, além de áudios e memes compartilhados em redes sociais e serviços de mensagens instantâneas via telefone celular. Partindo da análise desse corpus etnográfico, apresentamos aqui duas hipóteses. Em primeiro lugar, que, para além das muito faladas mudanças radicais decorrentes da pandemia, as maneiras de geri-la enquanto “problema social” em nível cotidiano, pelo menos em aglomerações nas escalas aqui abordadas, foram organizadas em mecanismos sociais pré-existentes, como a circulação de fofocas e rumores – com frequentes escaladas <br />para o escândalo, tendo as redes sociais como meio. Em segundo lugar, que, ao mesmo tempo, nem tudo tem constituído uma continuidade atualizada de repertórios sociais anteriores; ao longo da pandemia, observamos que situações com diferenciais de poder anteriormente “indizíveis” passaram à esfera do “denunciável”; ademais, que surgiram <br />novos repertórios – como o “autocuidado” ou o “cuidado comunitário” – mobilizados para justificar ou até exigir do Estado a circulação de informações pessoais de pacientes reais ou potenciais, uma vez que se entende emicamente que saber quem está infectado pode evitar a transmissão do vírus. Como veremos, nesses contextos específicos, a COVID-19 criou novos interstícios – ou, pelo menos, a busca por novas articulações – entre noções de pessoa mais ou menos centradas no relacional ou no indivíduo, como maneiras de proporcionar cuidados <br />tanto no âmbito da saúde comunitária quanto no das reputações pessoais.</p> ER -