Consumo de frutos de Cecropia pachystachya Trécul e Ficus gomelleira Kunt & C.D. Bouché por Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy, 1810) e seu efeito sobre a germinação de sementes

Autores

  • Ademir Kleber Morbeck Oliveira Universidade Anhanguera-Uniderp
  • Frederico Tormin de Freitas Lemes Universidade Anhanguera-Uniderp
  • Atenise Pulchério-Leite Dra., Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

DOI:

https://doi.org/10.5216/rbn.v10i2.19096

Palavras-chave:

Morcegos, Chiroptera, Dispersão, Endozoocoria

Resumo

Morcegos frugívoros são componentes fundamentais na regeneração de florestas tropicais. Levando-se em consideração a importância dos morcegos como dispersores de sementes, este trabalho teve como objetivo avaliar a indução na germinação das sementes de duas espécies arbóreas (Cecropia pachystachya e Ficus gomelleira) por uma espécie de morcego frugívoro (Platyrrhinus lineatus). Para isso, foram realizados quatro tratamentos: (1) Grupo Controle Ficus e, (2) Grupo Controle Cecropia, com sementes coletadas diretamente de plantas, (3) Grupo Sistema Digestório Ficus e, (4) Grupo Sistema Digestório Cecropia. As fezes foram coletadas e as sementes de C. pachystachya e F. gomelleira triadas e colocadas para germinar, sendo os resultados comparados com a germinação de sementes coletados diretamente de frutos através do teste de Mann-Whitney (p<0,05). Platyrrhinus lineatus pode ser considerado um importante frugívoro dispersor de sementes, porém não pode ser considerado um indutor de germinação para as sementes das duas espécies arbóreas, pois os resultados estatísticos mostraram diferenças não significativas entre sementes germinadas de frutos frescos e após passagem pelo sistema digestório, com germinação acima de 80% em todos os tratamentos. Porém, a passagem através do sistema digestório afetou negativamente o vigor, o que resultou em um maior período de tempo para a germinação de sementes de ambas as árvores, indicando uma interação entre ambas as espécies vegetais estudadas e P. lineatus.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ademir Kleber Morbeck Oliveira, Universidade Anhanguera-Uniderp

Prof. Dr., Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional - Universidade Anhanguera-Uniderp.

Frederico Tormin de Freitas Lemes, Universidade Anhanguera-Uniderp

Discente, Curso de Ciências Biológicas, Universidade Anhanguera-Uniderp

Atenise Pulchério-Leite, Dra., Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Referências

Aguiar, I.B. & F.C.M. Piña-Rodrigues. 1993. Sementes florestais tropicais. Abrates, Brasília.

Baskin, C.C. & J.M. Baskin. 2001. Seeds: ecology, biogeography, and evolution of dormancy and germination. San Diego, Academic Press.

Bocchese, R.A., A.K.M. Oliveira & E.C. Vicente. 2007. Taxa e velocidade de germinação de sementes de Cecropia pachystachya Trécul (Cecropiaceae) ingeridas por Artibeus lituratus (Olfers, 1818) (Chiroptera: Phyllostomidae). Acta Scientiarum. Biological Sciences. 29: 395-399.

Bononi, V.L.R., A.K.M. Oliveira, J.R. Quevedo & A.M. Gugliotta. 2008. Fungos macroscópicos do Pantanal do Rio Negro, Mato Grosso do Sul, Brasil. Hoehnea. 35: 489-511.

Brancalion, P.H.S. & J. Marcos Filho. 2008. Distribuição da germinação no tempo: causas e importância para a sobrevivência das plantas em ambientes naturais. Informativo ABRATES. 18 (1,2,3): 11-17.

Carvalho, P.E.R. 2006. Espécies arboreas brasileiras. v. 1. Brasília, Embrapa, Colombo, Embrapa Florestas.

Charles-Dominique, P. 1986. Inter-relations between frugivorous vertebrates and pioneer plants: Cecropia, birds and bats in French Guyana. In: Estrada, A. & T.H. Fleming, (Eds.). Frugivores and seed dispersal. Dr. W. Junk Publishers, Boston, pp. 119-135.

Fenner, M. 1985. Seed ecology. London: Chapman and Hall, 151p.

Fenner, M. 2000. Seeds: the ecology of regeneration in plant communities. 2nd edn. CABI Publishing, Wallingford, 410p.

Ferreira, A.G. & F. Borghetti. 2004. Germinação: do básico ao aplicado. Artmed, Porto Alegre.

Fleming, T.H., E.T. Hooper & D.E. Wilson. 1972. Three central American bat communities: structure, reproductive cycles and movement patterns. Ecology. 53: 555-569.

Fleming, T.H. 1982. Foraging strategies of plant-visiting bats. In: Kunz, T. H. (Ed.). Ecology of Bats. Plenum Press, Nova York, pp. 287-325.

Fleming, T.H. 1988. The short-tailed fruit bat: a study in plant-animal interactions. University of Chicago Press, Chicago.

Galindo-González J., S. Guevara & J.J. Sosa. 2000. Bat and bird generated seed rains at isolate trees in pastures in a tropical rainforest. Conservation Biology. 14: 1693-1703.

Galetti, M., M.A. Pizo & P.C. Morellato. 2006. Fenologia, frugivoria e dispersão de sementes. In: Cullen, J.L., C. Valladares-Padua & R. Rudran, eds.) Métodos de estudos em biologia da conservação e manejo da vida silvestre. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, p. 395-422.

Garcia, Q.S., J.L.P. Rezende & L.M.S. Aguiar. 2000. Seed dispersal by bats in a disturbed area of Southeastern Brazil. Revista de Biologia Tropical. 48: 125-128.

Gardner, A.L. 1977. Feeding habits. In: Biology of bats of the New World family Phyllostomatidae. Part II (Baker, R.J.; J.K. Jones Jr. & D.C. Carter, eds.), Spec. Pub. Mus. Texas Tech University, Lubbock, pp. 243-349.

Henry, M. & S. Jouard. 2008. Effect of bat exclusion on patterns of seed rain in tropical rain forest in French Guiana. Biotropica. 39: 510-518.

Heer, K., L. Albrecht & E.K.V. Kalko. 2010. Effects of ingestion of neotropical bats on germination parameters of native free-standing and strangler figs (Ficus sp., Moraceae). Oecologia. 163: 425-435

Heithaus, E.R., T.H. Fleming & P.A. Opler. 1975. Foraging patterns and recourse utilization in seven species of bat in seasonal tropical forest. Ecology. 56: 841-854.

Holthuijzen, A.M.A. & J.H.A. Boerboom. 1982. Experiments on the Cecropia seed bank of the Surinam lowland rainforest. Biotropica. 14: 62-67.

Howe, H.F. & J. Smallwood. 1982. Ecology of seed dispersal. Annual Review of Ecology and Systematics. 13: 201-228.

Howell, D.J. & D. Burch. 1974. Food habits of some Costa Rican bats. Revista de Biologia Tropical. 21: 281-294.

Janzen, D. H. 1970. Herbivores and the number of tree species in tropical forests. American Naturalist. 104: 501-528.

Jordano, P., M. Galetti, M.A. Pizo & W.R. Silva. 2006. Ligando frugivoria e dispersão de sementes à biologia da conservação. In: Duarte, C.F., H.G. Bergallo, M.A. Santos & A.E. VA (Eds.). Biologia da conservação: essências. Editora Rima, São Paulo. pp. 411-436.

Kalko, E.K.V., E.A. Herre & C.O. Handley, Jr. 1996. Relation of fig fruit characteristics to fruit-eating bats in the New and Old World tropics. Journal of Biogeography. 23: 565-576.

Lobova, T.A., S.A. Mori, F. Blanchard, H. Peckham & P. Charles-Dominique. 2003. Cecropia as a food research for bats in French Guiana and significance for a fruit structure in seed dispersal and longevity. American Journal of Botany. 90: 388-403.

Lopez, J.E. & C. Vaughan. 2004. Observations on the role of frugivorous bats as seed dispersers in Costa Rican Secondary humid forests. Acta Chiropterologica. 6: 111-119.

Lorenzi, H. 2008. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 5 ed. v. 1. Nova Odessa, Instituto Plantarum.

Maguire, J.D. 1962. Speed of germination aid in selection and evaluation for seedling and vigor. Crop Science. 2: 176-177.

Marinho-Filho, J.S. & I. Sazima. 1998. Brazilian bats and conservation biology: first survey. In: Bat biology and conservation (Kunz T.H. & P.A. Racey eds.), Smithsonian Institution Press, Washington, pp. 282-294.

Mello, M.A.R., F.M.D. Marquitti, P.R. Guimarães, Jr., E.K.V. Kalko, P. Jordano & M.A.M. Aguiar. 2011. The missing parts of seed dispersal networks: structure and robustness of bat-fruit interactions. Plos One/ < www.plosone.org 6:e17395> .

Mikich, S.B. 2002. A dieta dos morcegos frugívoros (Mammalia, Chiroptera, Phyllostomidae) de um pequeno remanescente de Floresta Estacional Semidecidual do sul do Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. 19: 239-249.

Morrison, D.W. 1980. Efficiency of food utilization by fruit bats. Oecologia. 45: 270-273.

Muller, M.F. & N.R. Reis. 1992. Partição de recursos alimentares entre quatro espécies de morcegos frugívoros (Chiroptera, Phyllostomidae). Revista Brasileira de Zoologia. 9(3/4): 345-355.

Munin, R.L., E. Fischer & F. Gonçalves. 2012. Food habits in dietary overlap in a Phyllostomidae bat assemblage in the Pantanal of Brazil. Acta Chiropterologica. 14: 195-204.

Oliveira, A.K.M. & F.T.F. Lemes. 2010. Artibeus planirostris como dispersor e indutor de germinação em uma área do Pantanal do Negro, Mato Grosso do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências. 8: 49-52.

Passos, J.G. & M. Passamani. 2003. Artibeus lituratus (Chiroptera, Phyllostomidae): biologia e dispersão de sementes no Parque do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, Santa Tereza (ES). Natureza on line. 1: 1-6.

Passos, F.C., W.R. Silva, W.A Pedro & M.R. Bonin. 2003. Frugivoria em Morcegos (Mammalia, Chiroptera) no Parque Estadual Intervales, sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. 20: 511-517.

Pinheiro, F. & J.F. Ribeiro. 2001. Síndromes de dispersão de sementes em Matas de Galeria do Distrito Federal. In: J.F. Ribeiro, C.E.L Fonseca & J.C. Souza-Silva, (Eds.). Cerrado: caracterização e recuperação de Matas de Galeria. Embrapa Cerrados, Planaltina, pp. 335-378.

Pott, A. & V.J. Pott. 1994. Plantas do Pantanal. Embrapa-SPI, Corumbá.

Pott, A., A.K.M. Oliveira, G.A. Damasceno-Junior & J.S.V. Silva. 2011. Plant diversity of the Pantanal wetland. Brazilian Journal of Biology. 71: 265-273.

Pulchério-Leite, A., M. Meneghelli & V.A. Taddei. 1998. Morcegos dos Pantanais de Aquidauana e da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul. I. Diversidade de espécies. Ensaios e Ciência. 2: 149-163.

Pulchério-Leite, A., M. Meneghelli & V.A. Taddei. 1999. Morcegos da região de Campo Grande, Mato Grosso do Sul,com ênfase para as espécies urbanas. Ensaios e Ciência. 3: 113-129.

Reis, N.R., A.L. Peracchi & M.K. Onuki. 1993. Quirópteros de Londrina, Paraná, Brasil (Mammalia, Chiroptera), Revista Brasileira de Zoologia. 10: 371-381.

Reis, N.R., A.L. Peracchi & I.P. Lima. 2002. Morcegos da bacia do rio Tibagi. In: Medri, M.E.; E. Bianchini; O.A. Shibatta & J.A. Pimenta, (Eds.) A bacia do rio Tibagi. Londrina, pp. 251-270.

Robertson, A.W., A. Trass, J.J. Ladley & D. Kelly. 2006. Assessing the benefits of frugivory for seed germination: the importance of the deinhibition effect. Functional Ecology. 20: 58-66.

Rolim, S.G., H.T.Z. Couto & R.M. Jesus. 1999. Mortalidade e recrutamento de árvores na Floresta Atlântica em Linhares. Scientia Forestalis. 55: 49-69.

Santana, D.G. & M.A. Ranal. 2004. Análise da germinação: um enfoque estatístico. Editora UnB, Brasília.

Sato, T.M., F.C. Passos & A.C. Nogueira. 2008. Frugivoria de morcegos (Mammalia, Chiroptera) em Cecropia pachystachya (Urticaceae) e seus efeitos na germinação das sementes. Papeis Avulsos de Zoologia. 48: 19-26.

Sikes, R.S., W.L. Gannon and the Animal Care and Use Committee of the American Society of Mammalogists. 2011. Journal of Mammalogy. 92: 235-253.

Silva, S.S.P. & A.L. Peracchi. 1999. Visits of bats to flowers of Lafoensia glyptocarpa Koehne (Lythraceae). Revista Brasileira de Biologia. 59: 19-22.

Simmons, N.B. 2005. Order Chiroptera. In: Wilson, D.E. & D.M. Reeder, (Eds.). Mammal species of the world: a taxonomic and geographic reference. 3ed. V.1, Johns Hopkins University Press, pp. 312-529.

Straube, F.C. & Bianconi, G.V. 2002. Sobre a grandeza e a unidade utilizada para estimar esforço de captura com utilização de redes-de-neblina. Chiroptera Neotropical. 8 (1-2): 150-152.

Tang, Z.H., A. Mukherjee, L.X. Sheng, M. Cao, B. Liang, R.T. Corlett & S.Y. Zhang. 2007. Effect of ingestion by two frugivorous bat species on the seed germination of Ficus racemosa and F. hispida (Moraceae). Journal of Tropical Ecology. 23: 125-127.

Tang, Z.H., M. Cao, L.X. Sheng, X.F. Ma, A. Walsh & S.Y. Zhang. 2008. Seed dispersal of Morus macroura (Moraceae) by two frugivorous bats in Xishuangbanna, SW China. Biotropica. 40(1): 127-131.

Van Der Pijl, L. 1972. Principles of dispersal in higher plants. Berlin, New York, Springer-Verlarg.

Vázquez-Yanes, C., M. Rojas-Aréchiga, M.E. Sánchez-Coronado & A. Orozco-Segovia. 1996. Comparison of light-regulated seed germination in Ficus spp. and Cecropia obtusifolia: ecological implications. Tree Physiology. 16: 871-875.

Willig, M.R. & R.R. Hollander. 1987. Vampyrops lineatus. Mammalian Species. 275: 1-4.

Zortéa, M. 1993. Folivory in Platyrrhinus (Vampyrops) lineatus (Chiroptera: Phyllostomidae). Bat Research News. 39(3-4): 59-60.

Zortea, M. & A.G. Chiarello. 1994. Observations on the big fruit-eating bat, Artibeus lituratus, in an Urban Reserve of South-east Brazil. Mammalia. 58: 665-670.

Zortéa, M. 2007. Subfamília Stenodermatinae. In: Reis, N. R.; A.L. Peracchi; W.A. Pedro & I.P. Lima (Eds.). Morcegos do Brasil. Londrina, pp. 107-128.

Downloads

Publicado

26-02-2014

Como Citar

OLIVEIRA, A. K. M.; LEMES, F. T. de F.; PULCHÉRIO-LEITE, A. Consumo de frutos de Cecropia pachystachya Trécul e Ficus gomelleira Kunt & C.D. Bouché por Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy, 1810) e seu efeito sobre a germinação de sementes. Revista de Biologia Neotropical / Journal of Neotropical Biology, Goiânia, v. 10, n. 2, p. 1–8, 2014. DOI: 10.5216/rbn.v10i2.19096. Disponível em: https://revistas.ufg.br/RBN/article/view/19096. Acesso em: 25 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos